terça-feira, 17 de junho de 2008

Macapá: meio ou fim do mundo?

O artigo que segue abaixo foi produzido pelo jornalista Chico Bruno, cujo link do site está ao lado. O texto reflete o estado da nossa capital tucuju aos olhos daqueles que chegam aqui e se deparam com a triste realidade de uma cidade abandonada e padecida de uma profunda transformação em todos os prismas possíveis. Vale apena ler e refletir sobre o argumento do autor, afinal de contas é ano de eleição e precisamos definir que rumo iremos seguir: continuísmo ou renovação?

Todo proprietário de imóvel fica tiririca da vida quando o inquilino atrasa o aluguel, mas, se irrita muito mais ainda, quando o locatário descuida do imóvel.

Essa imagem vem logo à mente de quem chega a Macapá atraído pelo carnaval campeão da Escola de Samba Beija-Flor, que cantou a cidade das bacabeiras.

O velho aeroporto se encontra em estado deplorável e o futuro é uma estrutura de concreto e ferro a espera de uma solução. O trajeto entre o aeroporto e os hotéis é uma aventura pelas avenidas e ruas esburacadas, amontoadas de lixo e mato nas coxias. Uma lástima.

Malas desfeitas e vai o cidadão bater pernas por Macapá. O que era para ser prazeroso se torna uma tortura, pois, as calçadas são apropriadas para os jovens que gostam de esportes radicais. Imaginem passeios dotados de escadas, construídas pelos comerciantes, numa tentativa de minimizar os problemas para os pedestres com mais de sessenta anos.

Os inquilinos dos palácios Setentrião e Laurindo Banha largaram a Jóia da Amazônia a própria sorte. O desgoverno é total em ambas as instâncias de poder.

A Beira-Rio foi transformada em um grande prostíbulo, formado por barracas de madeira que temporariamente substituem os antigos quiosques que estão em obras desde 17 de abril de 2007. A obra é fruto de um convênio de n.º 186613/2005, entre a Prefeitura de Macapá e o Governo Federal, com interveniência da Caixa, no valor de R$ 2 milhões, com prazo de 180 dias para a conclusão. As placas da obra de revitalização estão desbotadas, mas permitem a leitura que aponta para mais uma bandalheira pública, pois é muito dinheiro para pouca obra.

Mais adiante, outra placa desbotada anuncia a revitalização do Trapiche Eliezer Levy, uma obra do inquilino do Palácio Setentrião com prazo de 60 dias para conclusão. Pelo estado do tapume e o abandono do local, a obra deve estar parada há muito tempo.

O que outrora foi um dos cartões postais de Macapá transformou-se numa visão macabra.

Mas, a prova do desleixo das autoridades não acaba aí. O imponente Teatro das Bacabeiras e a magnífica praça ao lado se encontram em estado lastimável e assim toda a cidade de Macapá.

Mas o povo e a oposição não fazem nada?

O que mais impressiona é que o povo não se revolta, parece conformado com a situação. As pessoas quando abortadas para falar sobre a questão se omitem, se calam e olham desconfiadas para o interlocutor. A sensação é que o povo de Macapá tem medo de ser retalhado pelo poder público.

Isso pode ser fruto da tese da harmonia e da parceria entre os três poderes, que desde 2002 martela noite e dia através da mídia a população da cidade.

Pode ser que o povão esteja raciocinando que não tem a quem reclamar, haja vista, que os três poderes atuam em harmonia.

A oposição não encontra espaço para ecoar sua voz, haja vista, que a mídia tira proveito da harmonia. Resta a oposição a tribuna dos legislativos, o que é muito pouco, pois, seus discursos não ultrapassam as paredes dos plenários.

Esse é o quadro lastimável em que se encontra Macapá, dominado por políticos que alçaram o poder em conluio com a mídia e que trabalham para se perpetuar no poder, usando o marketing como arma para apresentar resultados virtuais e a força da coação para encabrestar os votos, pois, não existe outra explicação plausível para tanta passividade.

Isso quer dizer, que só resta à oposição usar a guerrilha eleitoral como tática para despertar a indignação da população coagida.

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